No mundo das pessoas comuns.

Ela pintou os cabelos,

Se arrumou e fez escova.

Arrumou a aparência como

Quem arruma a vida.

Antes de partir

Colocou os pingos nos 'is'

E se permitiu...

Permitir sentir um mundo novo.

Queria ir pra Inglaterra,

França, talvez.

E por isso não queria deixar

Nenhuma ponta desatada.

Tratou meio de agilizar,

Apressar,

Desfazer tudo que

A não permitisse

uma vida nova.

Ainda possuía algumas raízes profundas por aqui,

Mas não importava, porque

"O tempo se encarrega de qualquer coisa."

Partiu!

Mas não disse nem "adeus", nem "até breve".

Ele ficou.

Se mudou,

Continuou com a vida.

E nisso aprendeu a acreditar mais,

Nunca deixou de sonhar.

Ficou, terminou e

Se permitiu também.

Mudou de vida, de emprego.

Reencontrou amigos,

Se refez.

Não só por ela,

Mas porque era hora disso.

Era preciso se rearranjar

Por causa do passado.

É claro que ela o ajudou a perceber isso.

Então a vida pedia... Era hora!

Se manteve como um homem comum

E se lembrava que já havia lido em algum lugar

Sobre homens comuns.

E, assim como o que leu, ele tinha uma grande diferença

Dos tantos outros homens comuns,

A diferença que acreditava.

E nunca deixou de acreditar.

Vida refeita e

Um bocado de sonhos no peito.

Vez em sempre ainda se lembra dela

E sente saudade do que não foi.

Não é dolorido, nem dramático,

Nem pesado.

Apenas um carinho indescritível

Por algum que lhe ajudou a mudar.

Nunca mais ele viu aqueles olhos.

E nem ela por inteira.

A moça?

Se casou com um francês.

E o moço?

Foi sendo feliz,

Encontrando outras mulheres que também

Pudessem lhe ensinar a continuar acreditando.

Nunca mais, também, sequer se falaram.

Mas tudo que haviam falado no passado

Fez parte daquilo que os tornou assim hoje.

Não foi história sem final feliz,

Foi uma história de como saber aprender.

Foi uma história de vida...

Porque é assim que a vida leva,

Assim que, no mundo das pessoas comuns,

Das pessoas não heroicas,

Que as coisas acontecem o todo tempo.

Um lembrança, uma experiência...

Aos poucos, um resquício.

Assim com tudo que se vê ou se faz

Passa-se a perceber certos detalhes.

Mais um fragmento de tantos outros

Eventos isolados

Que te torna quem tu és.

E assim tem sido...

Esses eventos cotidianos fazem parte da existência,

Da formação.

Seja detalhes que deixou passar

Ou os que, simplesmente,

Passaram naturalmente.

Porque é assim que funciona, é natural

E nem sempre se tem um cartão postal.

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L Figueiredo
Enviado por L Figueiredo em 22/02/2013
Reeditado em 22/02/2013
Código do texto: T4153991
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