Palavras ao vento
Palavras ao vento...
Como não falar de sonhos
Como não expressar!
Como não gritar ao vento,
se ao relento, o orvalho cai.
Se a folha já sem vida, pelo vento levada,
fertiliza terrenos de alguém.
Palavras, palavras ao vento...
Não há como não permanecer estático diante da colina.
Se o caminho é íngreme e sinuoso, se a relva
que acaricia meus pés mantém aquecida
a chama explicita da mão que acaricia e açoita.
Se o frio que fere é o mesmo que alivia.
Palavras, palavras ao vento...
Todavia, os rios caminham silenciosos pelas planícies.
São como serpentes dando formas, criando formas.
Como não velejar pelos mares do pensamento
Se há tempestades, se há tormentas, não sei.
Cada dia tem sua historia.
Cada historia tem o seu dia.
Se, todavia, a morte a sua porta bate,
sem pedir passagem, deixando murmúrios,
lamentos, fragmentos que não se pode juntar...
Como explicar!
A mãe que chora.
O filho que parte
O lamento da viúva
Sob os olhares do sol, sob a chuva que cai?
Agonias e agonias noites adentram.
Sois que brilham sons de cata-ventos.
Vozes da emoção, gritos dos sentimentos.
Palavras, palavras ao vento...
Amantino Silva 27/06/2009