Há dias assim
Nos dias em que o sol chama
Quando o céu solta o seu brilho
Há vida nos resquícios de lama
Há canto nas pedras que trilho
Mas se o frio estende a mão
E a nuvem amarra a luz
A sombra vinda do chão
Apaga a voz dos pés nus
Há dias que são assim
Sem sol, sem luz, sem som
Meus olhos choram por mim
O mundo jaz triste e sem tom
Então perdido e sem norte
Sigo as trevas, alma aberta
E deixo nas mãos da sorte
Minha vida, qual oferta
Mas se um pingo de mel
Espreita e me faz parar
A nuvem arrasta o fel
E a lama volta a brilhar
Há dias que são assim
Outros são arcos de cor
E eu arranco de mim
Um vale inteiro de dor