Vida

Presente enlaçado em papel dourado,

Sinto-o, cheiro-o, olho-o de frente.

Será um sonho embrulhado?

Desejo de estrela cadente?

Detenho-me num tremor gelado:

Serão pragas de Pandora?

Mordaças pelo mal falado?

Culpa pelo que sinto agora?

Deslaço a fita lentamente

Toco a medo o diáfono papel,

Desnudo o presente com a mente

E o corpo em uníssono grita: Será fel? Será mel?

Espreito a etérea caixa, intrigado,

Não desejo dor nem verter pranto

E por entre o vazio e o nada

Eu vejo, desconcertado, um livro pintado a branco.

Os olhos folheiam a enigmática brancura.

Não vejo! Não sinto o que há para ler!

Volto à capa, busco a verdade pura

E do nada para o branco surge a palavra Ser

Com o pensamento em mar revolto

Em tormento mas não vencido,

Abro a alma e de sorriso solto

Sei que Ser é a minha vida!

Vou desenhar palavras, perpetuar memórias,

Juntar momentos, o sorriso e a ferida.

Vou viver a minha história,

Vou escrever a minha vida!

Antaco
Enviado por Antaco em 26/01/2013
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