Vida
Presente enlaçado em papel dourado,
Sinto-o, cheiro-o, olho-o de frente.
Será um sonho embrulhado?
Desejo de estrela cadente?
Detenho-me num tremor gelado:
Serão pragas de Pandora?
Mordaças pelo mal falado?
Culpa pelo que sinto agora?
Deslaço a fita lentamente
Toco a medo o diáfono papel,
Desnudo o presente com a mente
E o corpo em uníssono grita: Será fel? Será mel?
Espreito a etérea caixa, intrigado,
Não desejo dor nem verter pranto
E por entre o vazio e o nada
Eu vejo, desconcertado, um livro pintado a branco.
Os olhos folheiam a enigmática brancura.
Não vejo! Não sinto o que há para ler!
Volto à capa, busco a verdade pura
E do nada para o branco surge a palavra Ser
Com o pensamento em mar revolto
Em tormento mas não vencido,
Abro a alma e de sorriso solto
Sei que Ser é a minha vida!
Vou desenhar palavras, perpetuar memórias,
Juntar momentos, o sorriso e a ferida.
Vou viver a minha história,
Vou escrever a minha vida!