O BOBO CURINGA

Minha confusão…

Oh, sim!

Doce confusão!

Aquela amiga chata da minha solidão

Filha do caos infinito do eu

Por que fui forjado com essa mente tão desarmônica e repleta de pensamentos?

Pensamentos que gritam e esperneiam

Dançam sem fim

Sem cansar

Como crianças a brincar

Meu corpo não aguenta

Mas os pensamentos não se importam

Só querem dançar

Pensamentos quebrados e caóticos

Às vezes perdidos em forma de versos

Versos tão desestruturados como meu âmago dessintônico

Pensamentos de gênio rebento

Sempre querem ser os primeiros

Não deixando um terminar,

Pra outro começar

Será que me perdoas?

Malditos pensamentos!

Será que você sente com os sentidos

Ou sente com os sentimentos?

Malditos pensamentos!

Não há suspiro em forma de fumaça,

Não há tisana amarga que lhes expulsem…

Só fazem tomar ações tolas,

Sem significado

Atos que executam um dominó de tolices

Atos que te colocam em outros braços

Atos que não sei ao certo consertar

Se é que tem conserto

Se é que precisam de um remédio,

De um remendo…

Malditos pensamentos!

De novo…

De novo!

Não resisti à tentação…

Talvez precisasse desta imbecilidade pra ter certeza daquilo que já tinha

A possibilidade de ter perdido minha alma…

Ah! Outro pensamento se meteu na frente!

Será que me tornei um fantoche?

Será que me enrolei nos fios?

Será que enfim me tornei uma das marionetes que tanto desdenho?

Mas agora cansei de lamentar

Só quero ver a história continuar

E que a realidade,

Dessa vez,

Alcance a imaginação

Chegue aonde imaginamos

Mas por bobagens não concretizamos…

Ah… pensamentos…

Já nem mais os chamo de malditos

Já me conformei com esses rebentos rebeldes

Mas eles, que acompanham todas as possibilidades,

Todas as probabilidades,

Me impedem de descansar

Só queria desligá-los por um pouco

Como que num toque de um botão

Algo que fizesse sossegar este bobo curinga que vaga pelo mundo

E enfim descansar

Adormecer

Sem me preocupar em levantar…