PRAIA DAS ANGÚSTIAS

Sentado nas areias cinzentas da inquietude

Vislumbrando o negro mar,

Calmo, quase estático…

Espero,

Espero uma esperança que não sei se existe…

Devo esperar?

Em meu aguardo,

Fantoches me chamam,

Me tentam…

Os mesmos fantoches que sempre perambularam por minha vida desalmada

Rostos diferentes,

Mas as mesmas simploriedades vazias do espírito que apenas fingem me entender

Mas olhe!

Ao longe vejo minha alma

E ela sorri

Sorri para mim?

Atiro pedras ao mar,

Tentando provocá-la

Mas não consigo resposta…

A alma não se move

Tampouco o mar se agita…

Apenas ondula levemente, quase que em tom de deboche

Agarro essas ondas e tento juntar significado…

Mas eles diluem na areia…

Não quero todas as respostas,

Ainda prefiro o mistério das perguntas

Mas estou fraco…

Cansado…

Preferia ao menos receber um sinal,

Um aviso

De que devo aguardar

Aguardar que minha alma retorne,

Pois não suporto apenas vislumbrá-la

Um gesto,

De que não devo novamente cair nos braços inventados dos fantoches,

Pois agora, mesmo que quisesse

Não consigo…

Me sinto mais vazio que os braços que me acolhem

Por enquanto espero,

Mas sei que por muito não aguentarei

Não sentarei pela eternidade para ver minha alma voar ao longe

Não ficarei sentado sozinho cercado destas marionetes

O nosso rumo?

Não sei ao certo

O nosso futuro?

Não me importa agora

O nosso fim?

Entrego ao destino

Não tenho as respostas e não quero trilhar caminhos engessados

Só quero saber…

Só preciso saber…

Se minha alma quer voar comigo.