O bêbado


Mudo, trôpego, solitário
Passa as tardes sonolentas
Em mesas lascadas
Dos bares fétidos da imaginação.

Lembra de mulheres que nunca amou
Ama outras que nunca viu
Fala sozinho
À espera de respostas que nunca chegam.

Vazio, sem sentido, sem razão.
Questiona a vida que sempre teve.
Imagina outras que nunca terá.

Ri com a boca murcha de dentes e de alegria.
Mais um trago, mais uma garrafa.
A garganta queima, a alma não.

Assim o tempo passa.
Assim se anestesia do mundo.
Na lucidez a morte não chega.
Na bebedeira,
Chega um pouquinho todos os dias.







Edeni Mendes da Rocha
Enviado por Edeni Mendes da Rocha em 04/12/2012
Código do texto: T4019572
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