Vendo sem ver, enxergando sem enxergar...
Posso observar o cotidiano,
Possa nada enxergar...
Nem os pingos da chuva caindo,
Muito menos as preces dos que tem fé subindo.
Posso sentir o calor do sol tocando minha pele,
Mesmo sem nunca ter visto sua luz brilhar.
Os ventos que cantam tentam abrir meus olhos,
Mais poucas verdades me farão acordar.
Na escuridão de um sentimento preso,
Desabrocho para o não sentir,
Acompanho o voar de uma borboleta metamórfica...
Na mesmice de humanos confusos.
Tudo pensam saber, sem nada entender;
Na natural perversidade de todas as crianças...
...Nos adultos que fingem ser inocentes,
Vejo nos olhares o não enxergar.
Vejo que às vezes até eu não quero ver.
Cavalgo olhares que vão e voam longe,
Transpassando-nos como se fossemos transparentes,
Como se nossa carne não nos julgasse...
Carrasco infame nos trazendo dor,
Enxergo os que também me olham!
Cego eu os toco como se fossem braile,
Esqueço que as vezes eu também julgo.
Aonde compro óculos para meu coração?
Quero enxergar pelos sentimentos,
Tem horas que não queria entender a verdade,
Perdoando os que corrompem a carne...
...Amaldiçoando os que aprisionam mentes,
Libertando os que fazem guerra...
...vivendo com os que já se foram,
Procurando por quem se perdeu.
Achando-me em cada erro,
Descobrindo a cura de cada doença,
Por todos os olhares, em todas as cegueiras,
Vendo sem ver, enxergando sem enxergar...