Renegado do Paraíso
Observo as nuvens a caminhar progressivamente.
Nuvens escuras carregadas de gelo, frio e mistério.
Vejo a fumaça do cigarro a fluir pela atmosfera,
Uma neblina de prazeres supérfluos.
A lamparina barroca está apagada.
Deparo-me com uma fenda no céu
Uma fenda iluminada em meio às nuvens escuras
Luz, muita luz!
Penso se são os anjos cantando,
A proclamar o meu perdão.
Poderei voltar ao paraíso?
Eu não estava lá,
Eu nunca estive lá.
Eu outorguei a minha própria expulsão,
Hoje eu vivo em plena lamentação.
A fenda se fecha, a segunda chance se vai
A nuvem obscura a engoliu.
Enquanto os anjos?
Era apenas uma tentativa frustrada
Do parto do sol.
As nuvens voltam a caminhar progressivamente,
O cigarro se apaga,
A lamparina ainda não se acendeu.