Arribações da alma
Ah, essa alma e suas amplas asas,
Como poderia enraizar na terra?
Quando na campanha ganha casa,
Aí começa seu desejo pela serra...
E na força motriz desse anseio,
Larga tudo, põe o peito no asfalto;
Mas, tão logo o novo prato tá cheio,
A cretina pretende, viver no planalto...
Subindo aos campos perto do céu,
Respira aliviada pelo céu que ganha;
Até que acende um novo fogaréu,
Ei-la novamente a mirar a campanha...
Além desse confuso e tríplice relevo,
Noutros dias também, viveu no litoral;
Mas lá, faltou uma folha para o trevo,
E ainda degusta, amargo sabor de sal...
Foi onde a sina aplicou um trote doído,
Que o diga, se quiser, a verdura morta;
Previram chuva então, eu adormecido,
Acreditei,aí, não molhei minha horta...
Arribações existem desde priscas eras,
Ao câmbio da estação, os novos lares;
Não dá pra deter nos domínios da terra,
O ser que nasceu, para dominar os ares...