Conte sempre comigo,
do principio até o fim
Na mudez da inspiração
nas juras,na amizade
nas pieguices do coração
Conte sempre comigo
Nas horas de tempestades
e nas horas mais difíceis...
Quando fores um sucesso
sentirás também minha amizade
Conte comigo sempre
com meus vazios eloquentes
nas vezes em que fui plena
e nas outras que só fui gente
Conte com minhas palavras
Com todas as minhas vírgulas
com meus pontos de partida
e com cada minha partícula,
Das dores de despedida...
Conte sempre comigo
na paradoxal mestria
Tão nociva,quanto bela
na lira,na poesia
e no voo da libélula...
Conte com meu silêncio
Das vezes que fui a sombra
nas minhas fragilidades
[e na altivez da tua penumbra]
Conte com meu caminhar
a teu lado...Conte comigo sempre,
com minha mão e amizade!
NalvaSol
Mariah carey -
I want to know what love is
Conta comigo sempre.
[inspirado em]
Conta comigo sempre.
Desde a sílaba inicial até à última gota de sangue.
Venho do silêncio incerto do poema e sou, umas vezes constelação e outras vezes árvore, tantas vezes equilíbrio, outras tantas tempestade.
A nossa memória é um mistério, recordo-me de uma música maravilhosa que nunca ouvi, na qual consigo distinguir com clareza as flautas, os violinos, o oboé.
O sonho é, e será sempre e apenas, dos vivos, dos que mastigam o pão amadurecido da dúvida e a carne deslumbrada das pupilas.
Estou entre vazios e plenitudes, encho as mãos com uma fragilidade que é um pássaro sábio e distraído que se aninha no coração e se alimenta de amor, esse amor acima do desejo, bem acima do sofrimento.
Conta comigo sempre.
Piso as mesmas pedras que tu pisas, ergo-me da face da mesma moeda em que te reconheço, contigo quero festejar dias antigos e os dias que hão-de vir, contigo repartirei também a minha fome mas, e sobretudo, repartirei até o que é indivisível.
Tu sabes onde estou.
Sabes como me chamo.
Estarei presente quando já mais ninguém estiver contigo, quando chegar a hora decisiva e não encontrares mais esperança, quando a tua antiga coragem vacilar.
Caminharei a teu lado.
Haverá, decerto, algumas flores derrubadas, mas haverá igualmente um sol limpo que interrogará as tuas mãos e que te ajudará a encontrar, entre as respostas possíveis, as mais humildes, quero eu dizer, as mais sábias e as mais livres.
Conta comigo. Sempre.
Joaquim Pessoa, in 'Ano Comum'