Tempo do tempo
Tempo que passa na velocidade do segundo
Tempo que passa na agonia doentia
Tempo que faz o sol nascer
E que, mais tarde, demora a se recolher
Meu tempo é meu, não é seu
A compreensão que não se encontra sempre
A velocidade dos ponteiros é variável
Assim como as areias desta ampulheta cinza
Quanto tempo dura para cicatrizar?
Qual o tempo certo para se esperar?
E, se nasce, e morre logo, quanto tempo foi?
E, se vive e bem mais tarde se vai, quanto tempo durou?
Tudo tem seu tempo, dizem
Mas quanto tempo dura o tudo?
E o todos? O amor às pessoas se perde com o tempo?
A eternidade às vezes parece tão efêmera...
Tempo que o relógio não marca
Tempo que na mente fica registrado
Nos cantos da mente fica alojado
Com o cadeado do cronômetro acorrentado
(Particípio viciante do tempo
Tempo do vício participante
Participar do tempo é vício)
Com as voltas do tempo o mundo corre
E os passos dados são rápidos e lentos
Rápidos para o tempo dos outros
Lentos para o meu tempo.