Ele quis
Ele quis que você quisesse
muito mais
que uns poucos afagos
mas
você , não queria.
Ele quis
a noite, o dia
uma infância tardia
uma vida apagada,
mas
você , intensamente , vivia.
Nos anos
que se passaram
vencidos os ritos,
apagadas as mágoas,
fechados os tratos,
os fatos, de fato,
você ,não via.
De tantas dores contidas,
cravadas nas tuas memórias,
restaram somente as tardinhas
tingindo o céu de laranja.
O coração feito esponja
de medo amarelou ,
avermelhou o bordel, ,
anoiteceu o azul .
Ele não queria
e você chovia.
Tempestades
dentro de su’alma revolta
inundavam a calma ,
afogavam a noite ,
ilhando seu eu escondido .
Enquanto você
de alma aberta
e com a disciplina de um atleta,
deu à sua vida um sentido:
tornou-se poeta.
21/11/2006
Delurdes Moraes