Mares envolventes

Quando olhei no espelho hoje pela manhã

Percebi uma fisionomia diferente

O sorriso, que estava a um canto, parecia revigorado

O sonho da noite anterior foi mais tranquilo

Quente, parecia que tinha sido feito por encomenda

Não foram aviões suicidas, nem imagens de um passado que não volta

Foi tudo novo, de uma felicidade pura e tão simples...

Mares tranquilos.

Capazes de cativar os corações mais fechados.

E o que me deixou mais impressionado não foi a noite bem dormida

Mas sim o ar de novidade que pairava no ar.

Como eu olhava para o lado e não conseguia enxergar?

Estava cego? Ou vendado? Ou sem querer enxergar?

Dei um sorriso, andei sem pesos.

O ar da modernidade estava livre, eu conhecia os meus próprios passos.

E estava sendo olhado e querido. Algo me atraia.

A força vinha de uma fonte que não era esperada.

Quando passei a contemplar a fonte, percebi que suas águas eram límpidas, calmas.

Lembravam aqueles mares tranquilos e a brisa que só a paz é capaz de soprar

Envolveu-me calma e profundamente, afogando-me, rapidamente,

E por um momento lembrei-me de mares passados, que encantavam pelo velejar suave.

Mares cristalinos, cujas sereias não entoavam uma canção devastadora. Ao contrário: louvavam a beleza da fonte que me envolvia.

Este mergulho fez-me acordar bem, feliz.

E lembrei que a minha sina é menos triste do que eu pensei

Eu sou um velejador.

Preciso navegar.

Vou contemplar essa fonte mais vezes e desejar que suas águas me envolvam por completo.