Os Pombos.
Da janela do escritório vejo os pombos,
que seguem a tradição de ocuparem tais
florestas de concreto.
Seu voo corta antenas e multidões,
numa sincronia não muito
sincronizada.
Alguém lhe joga um milho,
outrem, apenas chuta.
Pombos. Passam despercebidos
ou então apenas causam
medo na criança maliciosa
em sua pureza.
Os pombos, tão famigerados,
seguem como humanos, lutando
e brigando pelo pão de cada dia,
procurando um lugar ao sol e um
abrigo à luz da lua.
Se somos a evolução do macaco,
creio que os pombos sejam
a nossa evolução, pois as diferenças
mínimas entre um e outro estão
em que pombos não pecisam de
leite para evoluírem
e de dinheiro para se destruírem.