*outra criança*

Por se dar a concessão de só sorrir

andar sem pressa, reparar as joaninhas

os vôos coreográficos das borboletas

o beijo esgrimista do casal de passarinhos

Por fazer as pazes e permitir manifestos

da criança interior, há tempos esquecida

deixá-la arrancar as sandálias, sujar os pés

chutar pedrinhas sem direção de algum gol

gostar do emaranhado do cabelo solto ao vento

Por estar de acordo com esse entendimento

de que o medo de se permitir descontração

eram grades imaginárias de uma prisão particular

sua, tão unicamente sua, que ainda que fingisse

sabia sim onde fora (bem)escondida a chave

E que a liberdade agora ali, saída do impossível

dava-lhe a mão no caminhar despretensioso

feito outra criança que segue feliz e sem pecado

vestindo apenas o agasalho, tecido, de intuição

m.raposo*

UmaMonalisa
Enviado por UmaMonalisa em 09/05/2011
Código do texto: T2958015
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