*outra criança*
Por se dar a concessão de só sorrir
andar sem pressa, reparar as joaninhas
os vôos coreográficos das borboletas
o beijo esgrimista do casal de passarinhos
Por fazer as pazes e permitir manifestos
da criança interior, há tempos esquecida
deixá-la arrancar as sandálias, sujar os pés
chutar pedrinhas sem direção de algum gol
gostar do emaranhado do cabelo solto ao vento
Por estar de acordo com esse entendimento
de que o medo de se permitir descontração
eram grades imaginárias de uma prisão particular
sua, tão unicamente sua, que ainda que fingisse
sabia sim onde fora (bem)escondida a chave
E que a liberdade agora ali, saída do impossível
dava-lhe a mão no caminhar despretensioso
feito outra criança que segue feliz e sem pecado
vestindo apenas o agasalho, tecido, de intuição
m.raposo*