P.S DESPROVIDA D'ALMA
É tão normal cansar-se do normal,
Tão comum cansar-se do comum.
Mas onde é que o incomum se esconde?
Onde é que o imoral descobre?
Em que instante do silêncio passou a deixar de ser?
Eu vi você partir e estava de pé para ver-te voltar.
Ansiei pelas horas mortas e ininterruptas
Dos momentos em que a memória fluía, partia e voava.
Cansei-me de preencher a história com a tinta borrada
Das lagrimas que caíram.
Cansei-me dos tantos versos mudos
Que estão despindo minha alma a cada estrofe mal estruturada.
Cansei-me da poetisa caída, da poetisa errada,
Que pela alma daria vida
E pela vida não daria nada.
Manchada pelo tempo espera a folha lisa e branca.
Não tenho uma pena, nem tinteiro, nem coragem
Desviada pelo eterno nada.
Cansei-me de esperar,
De ver as coisas acontecendo sem nunca acontecer.
Cansei de enxergar teus olhos
Que não tem nada a dizer.
De repetir os mesmos poemas falidos de alma
A exprimir uma verdade desprovida de palavras
No dissonante som da voz desse silencio.
Despido-me aqui, da minha mais vital ignorância,
Minha mais sutil arrogância,
Meu egoísmo mais sincero.
Despido-me aqui, de ti,
E dos meus mais tortos e falsos versos.