P.S DESPROVIDA D'ALMA

É tão normal cansar-se do normal,

Tão comum cansar-se do comum.

Mas onde é que o incomum se esconde?

Onde é que o imoral descobre?

Em que instante do silêncio passou a deixar de ser?

Eu vi você partir e estava de pé para ver-te voltar.

Ansiei pelas horas mortas e ininterruptas

Dos momentos em que a memória fluía, partia e voava.

Cansei-me de preencher a história com a tinta borrada

Das lagrimas que caíram.

Cansei-me dos tantos versos mudos

Que estão despindo minha alma a cada estrofe mal estruturada.

Cansei-me da poetisa caída, da poetisa errada,

Que pela alma daria vida

E pela vida não daria nada.

Manchada pelo tempo espera a folha lisa e branca.

Não tenho uma pena, nem tinteiro, nem coragem

Desviada pelo eterno nada.

Cansei-me de esperar,

De ver as coisas acontecendo sem nunca acontecer.

Cansei de enxergar teus olhos

Que não tem nada a dizer.

De repetir os mesmos poemas falidos de alma

A exprimir uma verdade desprovida de palavras

No dissonante som da voz desse silencio.

Despido-me aqui, da minha mais vital ignorância,

Minha mais sutil arrogância,

Meu egoísmo mais sincero.

Despido-me aqui, de ti,

E dos meus mais tortos e falsos versos.

Naiara ls
Enviado por Naiara ls em 25/02/2011
Reeditado em 26/02/2011
Código do texto: T2815154