SER PROFANO
Nada se repete
Em nada acredito
Todo homem busca suas falhas
Encontrando a verdade
Na fuga dos seus dias
Tudo me parece tão escuro e tão ainda
escuro na clareza do viver
Vou fugindo
Nada é tão vago quanto a razão do pensar
Busco-me em outros encontros
Já não tenho medo da mentira
Inconsciente do nada
Procuro a escassez dos sentimentos
Mas, existo para viver sob a autoridade da emoção
E quem nos permitiu existir?
Tudo é transformado em pensamento
E toda clara vigilância do seu eu sobrevive
Onde nada é nosso
Tudo é seu
As culpas, os erros
Somos razão do inconsciente
e debilidade da emoção
De nada vale a dignidade
De nada vale a noção
Se não a usamos com exatidão
Se eu vivo e sinto o odor das cinzas do bel prazer
Que trazem o fim de algo
Já não é dia
Não me vale de nada viver
Ainda não posso repousar na mente
Nem tenho a certeza do despertar
Enfrentando os falantes retrógrados
Na minha vã existência adormecida!
07/07/1993