Pavilhão Feminino da Loucura: Edileusa
Quando aqui ela chegou
Parecia saída de um quadro,
Tela do mais puro sonho...
Porém, meus olhos não enxergavam
Um anjo de delicado paraíso,
Mas a beleza desequilibrada
E atitudes furiosas
De uma virgem guerreira de Odin...
Exuberante Valquíria...
Cabelos longos acobreados,
Pele de lua cheia,
Lábios de rosa,
Unhas perigosas de felina...
Pela centésima vez surtada...
Uma máquina de guerra
Cavalgando o corcel selvagem da loucura...
E o quê a fizera pirar desta vez?
Os motivos de sempre:
A castração da família...
A severa religião que não escolheu...
A pressão infligida pelo temor
Dos olhos críticos
De um deus que jamais pisca...
Sua crise nervosa
É santa válvula de escape
Jogando para fora
Seu verdadeiro “Eu”,
Despressurizando sua mente...
E se o que sente
É assim, tão errado,
Por que esse deus a fez nascer mulher
Cheia de desejos,
Excitação e luxúria?
Uma fêmea em ebulição
Condenada a viver e morrer
Sentindo esse fogo exagerado
Arder entre suas pernas...
E o que mais posso fazer
Senão assistir encantado
A marafona brotar, desabrochar
E, sob o tacão de drogas,
Ser colhida e contida
Por mais um tempo,
Até inevitável renascer...