Pavilhão Feminino da Loucura: Edileusa

Quando aqui ela chegou

Parecia saída de um quadro,

Tela do mais puro sonho...

Porém, meus olhos não enxergavam

Um anjo de delicado paraíso,

Mas a beleza desequilibrada

E atitudes furiosas

De uma virgem guerreira de Odin...

Exuberante Valquíria...

Cabelos longos acobreados,

Pele de lua cheia,

Lábios de rosa,

Unhas perigosas de felina...

Pela centésima vez surtada...

Uma máquina de guerra

Cavalgando o corcel selvagem da loucura...

E o quê a fizera pirar desta vez?

Os motivos de sempre:

A castração da família...

A severa religião que não escolheu...

A pressão infligida pelo temor

Dos olhos críticos

De um deus que jamais pisca...

Sua crise nervosa

É santa válvula de escape

Jogando para fora

Seu verdadeiro “Eu”,

Despressurizando sua mente...

E se o que sente

É assim, tão errado,

Por que esse deus a fez nascer mulher

Cheia de desejos,

Excitação e luxúria?

Uma fêmea em ebulição

Condenada a viver e morrer

Sentindo esse fogo exagerado

Arder entre suas pernas...

E o que mais posso fazer

Senão assistir encantado

A marafona brotar, desabrochar

E, sob o tacão de drogas,

Ser colhida e contida

Por mais um tempo,

Até inevitável renascer...

Zomer
Enviado por Zomer em 14/09/2010
Reeditado em 14/09/2010
Código do texto: T2498242