Pavilhão Feminino da Loucura: Terezinha

Meu coração quase perverso

Não se sensibiliza...

Sua falta de luz

Não me faz sofrer...

Mesmo assim,

Procuro ser seus olhos:

Vejo por mim,

Vejo por nós,

Mas você nunca confia no meu discernimento...

Queria não dar a mínima

Quando mãos alheias,

Brutas e enfurecidas,

Sedentas de vingança,

Lançam-se contra você...

Quem me dera

O seu apagar completo,

Não somente seus olhos,

Como aconteceu outrora...

Pra quê você serve?

O quê você aprende na escuridão?

O quê é escrito no seu quadro negro, afinal?

Seus berros me enfurecem,

Sua dor dissimulada me revolta...

Então, deixo o terror chegar

Bem pertinho do seu frágil corpo,

Encarar você face a face,

Num duelo injusto...

Causar-lhe calafrios...

Cheirar mal...

Deve ser horrendo não saber

De qual direção virá o infortúnio,

Por isso, quando você acredita

Que tudo está perdido,

Eu apareço e lhe protejo...

Não consigo ser tão cruel...

Toda omissão tem limite

E os loucos são vocês,

Não posso esquecer disso...

Apesar de não acreditar na sua inocência,

Não entendo o tamanho do seu crime...

Mas, conhecendo você

Como conheço hoje,

Sua conformação faz sentido...

Zomer
Enviado por Zomer em 10/09/2010
Código do texto: T2490683