Pavilhão Feminino da Loucura: Terezinha
Meu coração quase perverso
Não se sensibiliza...
Sua falta de luz
Não me faz sofrer...
Mesmo assim,
Procuro ser seus olhos:
Vejo por mim,
Vejo por nós,
Mas você nunca confia no meu discernimento...
Queria não dar a mínima
Quando mãos alheias,
Brutas e enfurecidas,
Sedentas de vingança,
Lançam-se contra você...
Quem me dera
O seu apagar completo,
Não somente seus olhos,
Como aconteceu outrora...
Pra quê você serve?
O quê você aprende na escuridão?
O quê é escrito no seu quadro negro, afinal?
Seus berros me enfurecem,
Sua dor dissimulada me revolta...
Então, deixo o terror chegar
Bem pertinho do seu frágil corpo,
Encarar você face a face,
Num duelo injusto...
Causar-lhe calafrios...
Cheirar mal...
Deve ser horrendo não saber
De qual direção virá o infortúnio,
Por isso, quando você acredita
Que tudo está perdido,
Eu apareço e lhe protejo...
Não consigo ser tão cruel...
Toda omissão tem limite
E os loucos são vocês,
Não posso esquecer disso...
Apesar de não acreditar na sua inocência,
Não entendo o tamanho do seu crime...
Mas, conhecendo você
Como conheço hoje,
Sua conformação faz sentido...