Pavilhão Masculino da Loucura: FERNANDO JOSÉ

Édipo que saiu do armário...

Insano, porém, sincero...

Confessa seu amor pra mim:

Deseja a própria mãe

Sem culpa...

Sem pecado...

Desdenhando do tal incesto,

Resguardado pelo passaporte da loucura...

Odeia, a ponto de planejar

Milhares de maneiras

De matar o pai,

Seu carma...

O inimigo...

O rival que possui e maltrata

O que ele mais ama...

Sua vida é uma rua sem saída,

Um enigma que nenhuma esfinge

Conseguiu resolver...

Vergonha da sua família

E de qualquer outra...

E se ele não pôde ser decifrado,

Muito menos curado,

O melhor a fazer foi trancá-lo aqui...

Porque, solto na rua,

Cheirando e fumando,

Roubando e matando

Sai caro demais

Pro seu paizinho sovina,

Arremedo grotesco de Laio...

E Jocasta, cadê?

Por que nunca aparece para visitá-lo?

Ninguém teve coragem

De lhe contar que ela morreu...

Talvez de desgosto...

Talvez de tanto levar porrada...

E pra quê mais lenha

Numa fogueira que já não se apaga?

Zomer
Enviado por Zomer em 10/09/2010
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