Pavilhão Masculino da Loucura: FERNANDO JOSÉ
Édipo que saiu do armário...
Insano, porém, sincero...
Confessa seu amor pra mim:
Deseja a própria mãe
Sem culpa...
Sem pecado...
Desdenhando do tal incesto,
Resguardado pelo passaporte da loucura...
Odeia, a ponto de planejar
Milhares de maneiras
De matar o pai,
Seu carma...
O inimigo...
O rival que possui e maltrata
O que ele mais ama...
Sua vida é uma rua sem saída,
Um enigma que nenhuma esfinge
Conseguiu resolver...
Vergonha da sua família
E de qualquer outra...
E se ele não pôde ser decifrado,
Muito menos curado,
O melhor a fazer foi trancá-lo aqui...
Porque, solto na rua,
Cheirando e fumando,
Roubando e matando
Sai caro demais
Pro seu paizinho sovina,
Arremedo grotesco de Laio...
E Jocasta, cadê?
Por que nunca aparece para visitá-lo?
Ninguém teve coragem
De lhe contar que ela morreu...
Talvez de desgosto...
Talvez de tanto levar porrada...
E pra quê mais lenha
Numa fogueira que já não se apaga?