Sem nome
Tristeza, não poder contemplar o belo
As flores a nascer, os passarinhos a cantar,
A água a percorrer, um rio que morre n’um canteiro
Até molhar meu cabelo quando estou a cantarolar no chuveiro
Alegria, um carrão do ano, uma tv de muitas polegadas
A conta bancaria a sair pelas bordas das calças
Sujo por não ter tempo pro recreio, eh! não sou mais criança
Não brinco mais de pega-pega, esconde-esconde ou mãe na mula
Troco, este troço de adjetivos por corriqueiros substantivos,
Na velocidade de uma tartaruga, ou no andar de um pato
Andando com um casco nas costas e tropeçando sem rumo
A vida sem “constância”, ou seria consistência?
Sei que devo mudar, mas nada sei do que sei ou saberei
Algum dia ou algum ano ou algum, no que partirei
Sentir a água descer pela goela, até me contrariei
Como é simples, simples é belo, que pena que muito tarde notei...