Soneto Desconsolado
A tarde canta seus fumos de glória
E eu vejo lentamente se esvair
Entre meus dedos o vago existir,
Na dialética corrida da história.
A vida é um rio que temos de seguir
Com Heráclito chorando vida afora.
O homem é um personagem a se mentir
No palco da cadência transitória.
O que nos fica entre os dedos lassos
É nosso apego vão de alma iludida.
O tempo zomba dos nossos fracassos,
E, tal uma folha seca além varrida,
Passamos como um coro de palhaços,
Mas quem ri por último é sempre a vida...
Vagner Rossi