Vida, por que tudo é assim?
Os moços de quando eu era menino
Ficaram todos velhos e os homens
Mais velhos ainda morreram todos
Eu que nada sei do velho engolir
O moço que engoliu o menino
E da terra que há de engolir
A nós todos...
Como eu engolia um copo de chá
E manteiga no pão depois da lição
E depois de tudo era só malcriação
Eu não tinha relógio, mas tinha a hora
De acordar, de dormir, fazer a refeição
Eu as cumpria todas para ter a hora
A desejada hora de brincar
O que é que há além do muro?
Uma montanha, um rio, uma estrada,
Outro planeta, uma floresta tropical?
Como fazer para escapar deste quintal?
Vida, o que é que fizeste de mim?
Aprendi todas as lições, a educação
Aprendi virtudes, pecado e perdão
Aprendi lembrar e esquecer
Aprendi querer e deixar de ter
Compartilhar, somar e dividir
Aprendi que a realidade existe
Pobre, rica, alegre ou triste
Nem boa e nem ruim, assim
Vida, o que queres de mim?
Eterniza esse silêncio
Cala de vez o grito
Aplaca a dor de ser
Obriga-me a viver
Me dita o que ser
Medita ser
Só cala essa Poesia
Que ela inventa coisas
Que nunca vão existir
Que ela pensa coisas
Que não vão acontecer
Que ela fala de coisas
Que nem vieram a ser
Vida, cala essa Poesia
Um segundo antes
De eu morrer...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 31/05/2010
Reeditado em 07/08/2021
Código do texto: T2291136
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