Incompreensível

O ser humano tornou-se um emaranhado

Injustificado

De incoerências,

De adjacências...

Algo tão complexo,

Que perdeu o nexo.

Algo impraticável,

De tão, suicidamente, instável...

Chegando ao cúmulo,

De se tornar um absurdo,

Ser gentil e carinhoso,

Sem receber de volta,

Um comportamento perigoso...

... Beirando à revolta...

Como se o carinho fosse uma ofensa,

Algo embolorado da dispensa...

Assustadoramente desconcertante,

Desconfortavelmente arrepiante...

Algo perigosamente exótico,

Um descompasso estóico...

Uma ameaça à firmeza,

À retidão,

À configuração

Necessária para manter as certezas

Rotas,

Tolas...

Gastas,

Putrefatas!

Quando aceita a demonstração de afeto,

Fica buscando algo concreto,

Talvez, uma segunda intenção,

Pescada pela razão,

Quem sabe uma trama diabólica,

De alcance planetário,

- Que destrua nosso precioso relicário -

Elaborada por uma mente sórdida

Que não quer perder espaço

Para o embaraço,

De ter sido tocada,

Temporariamente desorientada,

Por aquele gesto,

Há tanto tempo banido do seu teto.

Somos os nossos monstros.

Julgamos, por nós mesmos...

Somos, irresponsavelmente, tolos.

Não assumimos nossos erros.

Vemos maldade em tudo.

Recusamo-nos a olhar para o fundo.

Estamos contaminados,

Pervertidamente, condicionados...

Trancamo-nos em nossos porões.

Somos os agentes executores,

De todos os nossos estertores.

Somos a seca dos nossos sertões.

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 27/05/2010
Reeditado em 27/05/2010
Código do texto: T2282397