Minha Literatura

Minha literatura, minha sim! Improdutivo é questionar

Faço dela o que me motiva, dá prazer, me faz sonhar.

Escrevo como quem delira, roda viva em vida a girar,

Agonizando em águas turvas, bravias - profundo mar.

Minha literatura, minha sim! Sei lá s'ela bate com suas

Ou com idéias de outros quaisquer; muito pouco, nada

Me importa - moldo sapeca tranças, tramas, fios-afins,

Costuro palavras adornando frases, linhas colo assim:

De pensamentos soltos, gostos, desgosto, an-e sinestesia

De idéias ricas, loucas ou medíocres - sobretudo minhas!

De sentimentos puros, propriedade que mais me fascina,

De intenções claríssimas, externando crenças, filosofias.

Minha literatura, leitor querido, por certo é minha sim!

Encaixá-la em dado espaço? Tentar-se bem poderia...

Mas não! – pelo tempo perdido melhor criar nova linha:

Solta imagino, confecciono tintas, fios, bolhas de sabão.

Não me fantasiando gênio e me pondo louca a cavalgar

Cavalos selvagens como a própria ignorância, aliás...

Antes buscando o prazer primeiro, razão-fim a motivar

O conhecer-se e confiar em si mesmo, a arte de brincar.

Versos menores maiores, dizque assonante rima, coplas

Redondilhas, sonetos-autos, quartos-terços, '-ix' poesias

Haicais, bandos e quadrilhas, cordéis, súbitos e repentes

Música, letra, lírica: gritos humanos, livres e indigentes.

E por fim: pois minha literatura é minha - e minha sim!

Perguntar não carece coisas cuja resposta não tem fim.

Literatura roupa do homem, aquecer almas sua função

Coleção minha indispensável de velhos e novos verões.

Minha literatura, em parte ensaio, parcos e livres escritos

Antes engavetados, sem pretensão ora! almejam ser lidos

Falar quem sabe ao leitor, simplesmente chegar ao grão,

E ela não arde ser literatura nada, sim pura pluma, ilusão.

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Poema escrito em 13.03.2010