As duas faces da Miragem

Sabe...

Vou te contar algo em surdina.

Algo que, ao mesmo tempo, me aterroriza e fascina.

Disto que vou te falar, deste Algo aterrorizante,

Até nas falas comigo mesmo eu tenho receio, de tanto que me é complicado.

Poderia passar séculos sem conta tergiversando,

Mil fórmulas herméticas ir inventando

Para não atingir o âmago da questão, aquilo que realmente é importante.

Todavia, deixemos de melindres e vamos direto ao ponto:

Este Algo medonho que tanto me apavora, que me sacode a alma e me deixa tonto,

É simplesmente a falta de certezas, este não saber o que virá,

O que nos espera na próxima esquina, o que se esconde atrás das cortinass,

Das echadas portas que insistimos em querer vasculhar.

O que será que difere Miragem de Realidade?

Alguém poderia me dizer: aonde começa a Mentira e acaba a Verdade?

Qual a exata fronteira entre o Viver e o Sonhar?

Sou também formado de incertezas, bem sei, não possuo estas respostas.

Desta certeza acachapante jamais poderei fugir.

No trafegar desta vida que tenho, meu fardo de incertezas não poderei deixar de lado,

São lindas miragens a enfeitar meu deserto - fascinantes miragens que vivo a perseguir.

A miragem é uma imagem que nossa mente cria (junção de duas palavras: mirar – imagem), como tudo o mais. Vista pelo lado negativo é um engodo, um engano que perde quem a segue, como o famoso canto de sereia, ou a fonte de água fresca que parece estar sempre ao alcance do peregrino sedento no deserto, mas que se afasta quando dela ele se aproxima.

Já pelo lado positivo podemos inferir que a miragem tem o condão de fazer com que nos coloquemos em movimento, a juntar as nossas últimas forças para alcançar o que parece nos parece impossível.

Enfim: a Miragem é, ao mesmo tempo, fascinante e aterradora.

Cidade dos Sonhos, manhã de uma Quarta-Feira que fecha o mês de março de 2010.

João Bosco

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 31/03/2010
Reeditado em 27/02/2020
Código do texto: T2169378
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