Virtualidade do Sentir
Há muito não escrevia eu assim assim
Palavras soltas tomando forma agora não em papel
Mas sobre a forma de pixéis que vejo nascer defronte de mim
Deixo vaguear talvez de forma errante os dedos
Lançando então ao mundo virtual devaneios
Mas será realmente virtual este mundo onde me deleito?
Não sei porquê não gosto desta palavra
Virtual
Dá ideia do irracional
Em forma de papel, pixel, ou saboreado pelo ouvido de alguém
As palavras que surgem
Os sentimentos que emergem
São tão reais e presentes como todas as realidades
Talvez realidade paralela
Coexistindo em simultaneo em espaço e tempo com a realidade do corpo humano
A energia que se sente e nos liga a nós todos utentes dela
Sentimo-la tão forte como estando todos vós comigo presente
Como pode isto então ser virtual?
É real...Sente-se
Umas vezes alegramo-nos com a palavra doce de alguém mesmo de um desconhecido
Que nos faz sorrir num negro dia
Outras aborrecemo-nos tal qual se nos tivessem agredido fisicamente
Como pode isto ser virtual?
A nova realidade do sentir
Atraves de um ecran que nos separa o corpo
Mas não a partilha de sonhos e ideais
E quem sabe perdendo então a vergonha de sonhar alto
E declamar ao mundo os seus verdadeiramentos sentimentos
Amar, odiar, chorar não interessa
Entrámos na era em que temos os meios para os partilhar
Mostrar que não temos mais medo de sentir
Mostrar que não é preciso fingir
Por isso escrevam, mesmo que critiquem
Escrevam pois a escrita parte do coração de cada um
E é lida pela mente de outros
E a beleza da palavra
É a de cada mente a ver de forma diferente
Soltem-se! Revelem
Espíritos inquietos do gatilho do teclado
Param por agora e assim descansa a alma
Da escrita já há algum tempo repousada
mafalda sanches