Por Deus! Cadê o Maquinista?

Não sou um patético desequilibrado,

Ou, um imaturo mimado.

Acontece, que estou grotescamente incomodado.

Sinto-me minado!

Já não me incomodaria de ter que esperar,

Se parasse de apanhar...

Dia

Após dia...

O trem não partiu

E me feriu!

Mais um desassossego...

Mais uma engolida em seco!

Após uma tarde em desespero,

Nu em pelo,

Nos domínios do sofrimento,

No final da noite, encontrei algum acolhimento...

Amparei-me no canto de Bethânia,

Com sua incomparável relevância,

Para voltar para mim,

Para me dizer: sim!

Um acúmulo absurdo de constrangimentos,

Demoliu com meu alinhamento.

Fui ao chão

E escorreguei para o porão,

Para o subsolo da dor,

Onde estão guardados os panos sem cor.

Quase sufoquei

De tanto que me debati,

De tanto que me combati,

De tanto que chorei...

Recolhi-me,

Encolhi-me...

Fui para dentro,

Em busca do centro,

Para suportar a tortura

Da amargura

De querer gritar,

Mas ter que calar...

Ter que me comportar,

Para não incomodar

Os que não me vêem,

Por não se terem...

Estou farto

Desse barco!

Sem lastro,

Sem mastro...

Ultrapassei o limite do suportável...

Beiro o inapelável!

Mas o dia acabou

E o peito suportou...

Bravamente,

Gloriosamente,

Persistentemente,

Conscientemente,

Corajosamente,

Bethanianamente!

De volta ao meu primeiro andar,

Só penso em me recuperar,

De mais esse desastre,

De tanto desgaste...

Música e poesia,

Hão de me devolver à harmonia.

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 19/03/2010
Reeditado em 19/03/2010
Código do texto: T2146747