Esqueço-te

Esqueço-te

Escrevo no meu coração o que me lembra

enquanto sei que não escrevo o que se esquece

lembro-te,

nos lábios de beijo

sim

de beijar -te

mas ao mesmo tempo

lembro na raiva

o gosto do lamber o beijo(–te) tão bem quanto as letras nuas o fazem,

o gosto de te lembrar no que o me apetece é a entrega em que

entro

e no depois o minto(me)

ao esquecer(te)

e agora não sei porque me lembro daquela cadela

que entra no cio e atrai todos os cães da rua que a tomam por trás

e ela nem os vê.

Porquê?

Não sei

porquê que gosto de pensar em ser aquele animal que nasce cego

mas que não se esquece de fazer nada?

E depois ainda gosto de pensar

Para que serve ter cérebro?

Para que serve saber muito?

Para que serve o amor?

Para que serve sermos mulheres?

e porque existem os homens?

Quem somos nós ou o que somos nós?

Para que serve pensar?

E porque me lembro de muitas respostas para muitas destas perguntas

e não as quero ou recuso-me a aceitá-las

Esqueço-as

Então quero nascer novamente

dentro de uma barriga de uma mulher

e mamar-lhe as mamas

e depois não esquecer os únicos momentos inocentes

que trouxe nos meus lábios para o resto da minha vida.

Assim

Quem me fez mulher ou faz?

O coração?

Tu?

Eles?

Eu?

Esqueço-me quando e como?

Ana Mª Costa

Ana Maria Costa
Enviado por Ana Maria Costa em 09/08/2006
Código do texto: T212672