Esqueço-te
Esqueço-te
Escrevo no meu coração o que me lembra
enquanto sei que não escrevo o que se esquece
lembro-te,
nos lábios de beijo
sim
de beijar -te
mas ao mesmo tempo
lembro na raiva
o gosto do lamber o beijo(–te) tão bem quanto as letras nuas o fazem,
o gosto de te lembrar no que o me apetece é a entrega em que
entro
e no depois o minto(me)
ao esquecer(te)
e agora não sei porque me lembro daquela cadela
que entra no cio e atrai todos os cães da rua que a tomam por trás
e ela nem os vê.
Porquê?
Não sei
porquê que gosto de pensar em ser aquele animal que nasce cego
mas que não se esquece de fazer nada?
E depois ainda gosto de pensar
Para que serve ter cérebro?
Para que serve saber muito?
Para que serve o amor?
Para que serve sermos mulheres?
e porque existem os homens?
Quem somos nós ou o que somos nós?
Para que serve pensar?
E porque me lembro de muitas respostas para muitas destas perguntas
e não as quero ou recuso-me a aceitá-las
Esqueço-as
Então quero nascer novamente
dentro de uma barriga de uma mulher
e mamar-lhe as mamas
e depois não esquecer os únicos momentos inocentes
que trouxe nos meus lábios para o resto da minha vida.
Assim
Quem me fez mulher ou faz?
O coração?
Tu?
Eles?
Eu?
Esqueço-me quando e como?
Ana Mª Costa