Concentração

Para o vôo, o pássaro instintivamente se prepara.

Sua força, agora, não se compara...

Depois, de na montanha se refugiar,

Para trocar as penas e se renovar,

Olha para o mar do alto

E sonha com o salto!

Tem consciência que pode ser o último.

Seu ímpeto é único!

Não há pressa. Esmera-se,

Concentra-se.

Voar é seu castelo!

Esse, há de ser o mais belo...

O perfeito!

É o que exige o seu peito.

Aprendeu a suportar a espera.

De seu ninho aprecia a primavera,

Absorvendo tudo,

Respirando fundo.

Seu pulmão expandido

Delira com o momento preciso,

Exato,

Para o definitivo desacato.

Sabe que não pode escorregar.

Para tanto, continua a se iluminar.

Derrubou todas as tábuas,

Lacrimejou toooodas as mágoas...

Ao invés de perdão,

Optou por distribuir

Sabiamente,

Incondicionalmente:

Afeição!

É a sua fórmula para construir...

A tempestade começa a se afastar.

Um dia lindo há de raiar.

Ouviu todos os conselhos da paciência,

Metamorfoseou completamente a consistência.

Sufocou o interno sabotador,

Fonte de sua imensa e antiga dor.

Como sempre foi adepto da pureza,

Optou pela leveza!

Aprimorou seu canto,

Aveludando-o como um acalanto.

Por dentro, arde em brasas...

Anseia pelo instante de testar suas asas.

A terra não lhe pertence.

É o que lhe avisa a mente.

O céu é o seu destino!

Voar é seu hino!

Muito mais que sagrado,

Milimetricamente idealizado,

Em poesia

Ventre de sua alegoria.

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 20/11/2009
Código do texto: T1933796