Concentração
Para o vôo, o pássaro instintivamente se prepara.
Sua força, agora, não se compara...
Depois, de na montanha se refugiar,
Para trocar as penas e se renovar,
Olha para o mar do alto
E sonha com o salto!
Tem consciência que pode ser o último.
Seu ímpeto é único!
Não há pressa. Esmera-se,
Concentra-se.
Voar é seu castelo!
Esse, há de ser o mais belo...
O perfeito!
É o que exige o seu peito.
Aprendeu a suportar a espera.
De seu ninho aprecia a primavera,
Absorvendo tudo,
Respirando fundo.
Seu pulmão expandido
Delira com o momento preciso,
Exato,
Para o definitivo desacato.
Sabe que não pode escorregar.
Para tanto, continua a se iluminar.
Derrubou todas as tábuas,
Lacrimejou toooodas as mágoas...
Ao invés de perdão,
Optou por distribuir
Sabiamente,
Incondicionalmente:
Afeição!
É a sua fórmula para construir...
A tempestade começa a se afastar.
Um dia lindo há de raiar.
Ouviu todos os conselhos da paciência,
Metamorfoseou completamente a consistência.
Sufocou o interno sabotador,
Fonte de sua imensa e antiga dor.
Como sempre foi adepto da pureza,
Optou pela leveza!
Aprimorou seu canto,
Aveludando-o como um acalanto.
Por dentro, arde em brasas...
Anseia pelo instante de testar suas asas.
A terra não lhe pertence.
É o que lhe avisa a mente.
O céu é o seu destino!
Voar é seu hino!
Muito mais que sagrado,
Milimetricamente idealizado,
Em poesia
Ventre de sua alegoria.