EU SOU ZERO!!
Com estes versos vou lhes contar.
Por que de zero eles vem me chamar.
Foi em um crepúsculo que tudo começou.
Eu caminhava em paz quando algo me alcançou.
Eu vi o céu se rasgar em dois.
O fogo cortou o céu, e chamou-me depois.
Eu me vi no circulo de fogo a ser observado.
Eu senti o medo e o pânico, mas eu estava calmo, pela ansiedade eu estava tomado.
Eles sussurravam entre si, “será ele que o fará?”.
Eu estava com medo, “essa voz me matara?”.
De repente tudo fez-se mais claro, quando de dor ouvi gemidos.
Eles eram, aqueles que se foram, eu lutaram no passado, eram os caídos.
Eles me contaram, os seus feitos que não viram se realizar, e sobre sua dor.
Eles caíram em batalha, lutando contra a opressão, ódio e rancor.
Disseram-me que era meu dever fazer o mundo relembrar a verdade.
Eles lutaram pelo direito mais nobre, caíram nos campos por liberdade.
“Eles escolheram a mim um ninguém?”.
Não poderia eu um pecador fazer esse bem.
Responderam então a mim, “poderia alguém cumprir impossível missão?”.
Eu disse, “tal coisa nesse mundo não existe, qualquer alguém diria não”.
Sou apenas um jovem diferente, e para o meu mundo um pecador.
Simplesmente por ser um simples andarilho pensador.
Falaram-me que o andarilho é apenas um ninguém.
Por isso eu era o escolhido, pois eu não creio ser alguém.
Sou um sonho uma utopia um ideal.
Ideais não possuem forma, não no mundo real.
Eu seria sempre o ninguém e o nada.
Um zero, no meio da noite calada.
As pessoas não ouvem mais os que possuem um grande nome.
Pois eles falam, discutem, guerreiam, e só lhes trazem dor e fome.
Eu sou zero a sombra do ideal, um vulto nessa cadavérica sociedade.
Quem melhor que eu que conversou com os mortos em sua cidade?
Ainda que meu corpo se consuma, minhas palavras ficam em todos.
Que escutem a voz do ninguém, que a verdade diz, pois vivemos num país de tolos.
Foi a baixo dos céus nublados, que o caminho encontrei.
Perseguido por raios e trovões...Eu retornei.
Ninguém poderá fugir de minhas palavras, que estão estampadas de estações a aeroportos.
Pois eu vim de um lugar onde se canta com os mortos.
Minhas palavras são mais nobres que os falsos reis.
Por isso conto que sou zero a vocês.
Ainda que pecador sou mais santo que o clero.
Mas sou um ninguém, sou o nada...Eles me chamaram de zero.
(Zero)