Colecionadora de Sonhos
Minha mochila está cheia de sonhos
Que rumam para caminhos tão improváveis.
Eu andei por uma rua deserta
Colecionando sonhos como se fossem pedras
E os guardando dentro de mim,
Tão preciosos como tesouros inestimáveis.
Tantas vezes o peso foi maior do que pude suportar,
E desabei abandonando tudo o que carregava comigo.
Quantas vezes o caminho íngreme me impediu de seguir
E a escassez de forças não me impeliu a continuar.
Quantas vezes esvaziei a mochila,
E simplesmente tive vontade de desistir, abandonar tudo.
Quantas vezes o medo de tropeçar me impediu de ir em frente,
E o peso esmagador de quem tanto sonha foi grande demais.
Quantas vezes palavras me destruíram,
Fazendo-me sentir não mias que um grão de areia no meio do deserto.
Abandonei tudo o que tanto demorei pra conseguir.
Era visível o desânimo nos meus olhos fixos,
E o cansaço nos meus ombros caídos.
Eu vi todos os meus planos escorrendo pelos meus dedos
Que não eram suficientemente fortes para segurá-los,
Que não eram suficientemente vivos para impedi-los.
Arranquei forças de onde não existia mais nada,
Lutei contra todos os meus instintos
Que me diziam pra soltar qualquer vínculo que me prendesse á vida.
E hoje estou aqui, uma colecionadora de sonhos frustrados,
Um sorriso amarelo e um rosto feliz,
Sentindo que a felicidade não passa de mais um sonho,
Que logo irá terminar, como termina tudo o que me faz bem.