Um Produto do mundo

De autêntico tenho um pouco,

O que já é o bastante

Para comprovar a angústia de possuir

Liberdade de ser eu mesmo.

O mundo me definiu através de leis

E conceitos abstratos,

Mas posso sair dessa prisão

Negando o meu Eu social.

Até mesmo o Inconsciente é vítima

Da realidade imersa nas convenções

Sancionadas pelos sucessivos

Períodos de organização do povo.

Tudo que tenho em mim

Não veio de mim, talvez se originou de mim.

E mesmo que descubra um teorema

Não será por mérito próprio.

Devo algo a alguém.

É triste, mas sou um resultado

Dos acúmulos lingüísticos, sensoriais, visuais, empíricos...

E a única e original centelha genuína

Que transcende o tempo-espaço em que estamos

Ainda não foi descoberta, acho que nem existe.

Sou uma essência medíocre nessa existência

Dominada pela multiplicidade de possibilidades.

Escolho ser Um e poderia ser Outro.

Mas Um ou Outro são

Meros produtos do mundo.

(02/10/09)

Marcell Diniz
Enviado por Marcell Diniz em 07/10/2009
Reeditado em 23/10/2009
Código do texto: T1852585
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