Marco Zero
A respiração começa a voltar ao normal...
Já está bem próxima do natural.
A vida apresentou-me um outro lado da situação;
Bem mais de acordo com os princípios da vastidão.
Tinha que ser assim,
Para a mudança não se converter
Num suplício sem fim.
Confesso, que foi-me difícil entender.
Apesar de voltar à estaca zero,
Sei exatamente o que não quero.
Percebo, agora, claramente,
O que me nublou a mente.
O local exato da ferida,
Que sangrou incontida.
Estou me recuperando.
Sei que a vida está me esperando.
Está voltando o fôlego.
Não quero mais me quedar trôpego.
Sempre me foram generosos os pulmões
Suportaram todas as devastações.
Apesar de ter fumado por décadas a fio.
Fruto de uma ansiedade insana...
E de passar a juventude na vida profana!
Ainda assim, eles me sustentaram sobre o estreito fio.
Falta muito pouco,
Para encerrar com esse sofrimento louco.
Sem ter direito à recaídas,
Nem estancar à porta de saída.
Tremendo de insegurança,
Ao invés de pleno de esperança.
Aproveitarei a chegada da primavera
Para me instalar numa nova esfera.
Mais adequada aos meus desígnios.
Onde eu possa expor os melhores signos.
Descobri um novo toque para os sinos,
Novas melodias e letras para os meus hinos.
Claro, que continuarão apaixonados
E apaixonantes,
Vibrantes
E mais que nunca arrebatados.
A estrada me espera.
A mesma que conduz,
Inelutavelmente,
Amistosamente,
A hera
Discretamente,
Delicadamente,
Ao seu destino de luz!