Aceitação

Permitir que se vá, a pele que se solta,

Num ato de desprendimento,

Sem qualquer manifestação de revolta,

Ou apreço,

É uma demonstração de discernimento,

Que não tem preço.

O apego ao pensamento torto,

Que deveria estar morto,

Velado,

E, hermeticamente sepultado,

Atrasa o bom andamento da evolução.

Arrasa as sementes espalhadas pelo chão,

É um aleijão,

Arrastando-se em direção a mais plena solidão.

É interessante deixar o pensamento mudar,

Escolher o melhor ar,

O alimento mais adequado,

O modo que ele se sinta mais centrado,

Menos divergente,

Mais coerente,

Menos carente,

Mais crescente,

Menos dissidente,

Mais abrangente.

A pele que se vai, tinha que ir.

Esgotou o existir.

Irá se metamorfosear

E desaparecer em pleno ar,

Sem deixar vestígios,

Só indícios.

É um ciclo inevitável,

Autosustentável,

Que tem sua razão de ser,

No centro do viver;

Ali, onde a mente não alcança

E a alma se agiganta,

Onde as cores

Explodem em flores

Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 26/08/2009
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