Nada Tanto Assim
Meio século, estou completando.
Pelo que venho me observando,
Estou num marco divisor.
Avisto em mim o condor.
Transmutação involuntária, incisiva,
Arrepiante. Sob muitos aspectos, definitiva.
Estou limpando a bagagem.
Não quero mais transportar,
Muito menos suportar
Toda e qualquer espécie de bobagem.
Seguirei apenas, com o que se encaixar em meu enredo,
Com o que causar algum enlevo.
Não quero mais reclamar.
Quero ser o porto seguro,
Que se encontra saltando o muro,
Olhando o fundo,
Do que pode haver de mais profundo
E mais puro
No mundo!
Já sei, para o meu solo, a melhor semente,
Que torne o colo, cada vez mais arguente,
Para que meu carinho
Assemelhe-se cada vez mais, com um ninho...
Desejo intensamente, que meu olhar
Saiba só abraçar.
Que minhas palavras sejam fontes,
Onde se reconheça o horizonte,
Que as atitudes
Sejam fundeadas nas mais claras virtudes.
Tenho muito que apreender...,
Muito que perceber
Para frequentar a altura.
Quero toda a simplicidade,
Que couber na humildade.
Quero toda a amizade
Possível, no exercício da irmandade
Quero nada de mais
Quero paz
E energia
Para semear a harmonia.