Há um tempo

Há um tempo...

Em que desvalido o existir

vazias as horas

Descalças as visões.

Há um tempo...

Que a desesperança veste de negro

De cantos entoados, ressoando a morte

De horizonte despido de luzes.

Há um tempo...

De inefável negrez

Quando a vida é fardo

E o cansaço a si não suporta.

Há um tempo...

Em que o passado é tolo,

Cruel o presente

E o futuro...

Dera não vê-lo.

Há um tempo...

Quando nem a dor é percebida

Pois a dor é universo

Carne, sonho,

Flor, semente e caminho.

Há um tempo...

Em que os rostos são máscaras

Os risos são máscaras

O olhar é máscara.

E bizarra é a mascara...

Há um tempo

Em que vão o próprio tempo.