Cândido instante

Abriu-se a dor rasgando seu segredo,

quando encarei a Universo sem medo,

do véu sobre o seu ser você se despia

enquanto minha emoçao a sua aderia!

Depauperada nesse momento silente,

cuja recordaçao ainda levanta agonia,

dançam palavras no pensar insolvente

e minha alma chorosa um tanto falia.

Grande sandice tentar ser tão cônscio

desvendar no final as razoes do inicio,

so mesmo uma teimosia adolescente

despe a verdade inconseqüentemente,

e se alucina na desmedida alucinação,

inventa e foge no arco-iris vespertino,

teme o segredo vê na sombra o clarão,

sublima abatimento em riacho ameno!

Sob a miragem do suposto lago calmo

minha alma vesga sucumbia no abismo,

talvez malfadada por provável engano,

ou então cega no decorrer do seu plano!

Seu amor enigmático meu severo exício,

o dulcíssimo amor tem lá o seu suplicio,

quando nunca despetala eminentes juras

e esperanças camuflam infinitas esperas!

Tanto busquei mas me desencontrei agora,

estonteada sem saber desatar tantos laços,

fujo e me iludo outra vez nos seus braços,

preferindo imaginar que louco me queira!

Não carece promessa, desculpas, palavra,

um beijo, tão somente um beijo molhado

extirparia despedida falando muito cedo,

oh cândido instante, desta ânsia me livra!

Grenoble-Fr-27/05/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 27/05/2006
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