O erro do Cogito

Dormir sem ter conhecimento do sonho ocorrido

É simplesmente Morrer

(Com o Ego espargido

Na vaguidão do Não- Ser).

Mas como eu disse em outra poesia

O não-ser não existe, é uma ilusão.

Portanto, morrer à noite é apenas hipocondria

De alguém que perdeu a Razão.

O que se sonha se esquece

Assim como o que se viveu há muitos séculos.

Mas, de alguma maneira, permanece

Na memória as lembranças dos desejos incrédulos

Que fazem do homem o ser mais inferior

Dentre os outros animais.

A consciência é algo nadificador

Que força o Em-si a penetrar os umbrais

Do fenômeno, tornando-o compreensível

E sujeito às banais relações com o mundo.

Mas (in)felizmente, esse poema tão ininteligível

Só é entendido devido a esse processo fecundo.

E para não rejeitar o sistema pragmático

De quase toda a filosofia contemporânea,

Fecho-me no pensamento sorumbático

Nietzschiano que sempre surge de forma espontânea.

(2008)

Marcell Diniz
Enviado por Marcell Diniz em 04/03/2009
Reeditado em 11/01/2010
Código do texto: T1468579
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