O erro do Cogito
Dormir sem ter conhecimento do sonho ocorrido
É simplesmente Morrer
(Com o Ego espargido
Na vaguidão do Não- Ser).
Mas como eu disse em outra poesia
O não-ser não existe, é uma ilusão.
Portanto, morrer à noite é apenas hipocondria
De alguém que perdeu a Razão.
O que se sonha se esquece
Assim como o que se viveu há muitos séculos.
Mas, de alguma maneira, permanece
Na memória as lembranças dos desejos incrédulos
Que fazem do homem o ser mais inferior
Dentre os outros animais.
A consciência é algo nadificador
Que força o Em-si a penetrar os umbrais
Do fenômeno, tornando-o compreensível
E sujeito às banais relações com o mundo.
Mas (in)felizmente, esse poema tão ininteligível
Só é entendido devido a esse processo fecundo.
E para não rejeitar o sistema pragmático
De quase toda a filosofia contemporânea,
Fecho-me no pensamento sorumbático
Nietzschiano que sempre surge de forma espontânea.
(2008)