MÃOS DE PEDRA
Como pedras de mármore,
desintegrando-se, em pedaços tiranizados,
uma por uma caem no chão,
restos de mãos, que deixaram de ter,
porque existir ou acreditar.
Vem de há muito, que essas mãos,
desfazendo-se gradualmente,
desviaram-se de todos os valores comuns,
a uma sociedade, por falta de humildade
ou caminhos mal escolhidos.
Nada nos diz, que errar, não têm conciliação,
e, que, não podemos, devolver toda a
dignidade, ao nosso corpo, ainda que estas
frágeis mãos, dedo por dedo, teimem em
desagregar-se, como enraizado martírio.
Porque mãos, que trabalham a terra,
que cumprimentam, amigos e vizinhos, e,
lhes reservam respeito, sempre serão firmes
e nunca estarão sós, porque a palma de
outras mãos, se lhes estenderá, em socorro.
Figura abstracta, depara-se ante meus olhos,
com uma mão de pedra, fixando-se
na minha retina, numa súplica, que não posso
ignorar, e, oferecendo-lhe a minha mão,
calejada e sofrida, segurando-a, trago-a até mim.
Noto que há uma certa resistência, e, sangue,
escorre de minha mão, ferida pelo mármore,
ao tentar trazer à vida, os pedaços, que teimam
em não se agregar, num medo compreensível,
de um novo recomeço, mãos com mãos.
Jorge Humberto
15/12/08