Voz solta
A minha garganta se cala
A minha sede é vencida
Minha voz escondida
Para dar espaço ao real
Vida ferida no ceio da dor
Encanto pelo sofrer
Na ilusão do contador.
A saudade é um alivio
No tormento da vez
Parece ser artifício
A caminho do engenho
Nas mãos do artesão
Tudo vira arte
Na praça e na estrada
Solteiros do acordo formal.
Nada podemos de mãos atadas
Nada somos de mente vazia
Soluços de espasmos
No calcanhar do agora
Em tempos de crises
Troco minhas vertes
Para dizer que estou vivo
No momento do atropelo
E caio na vida a serviço do futuro.
Minha voz agora solta
Sinto o toque do vento
Apalpar meu lamento
No sopro da sensibilidade
Viva mente sã
No sertão e na cidade
Em cada canto do mundo
Viva privacidade
Honesto na dor
Sempre forte no amor.