Presidiário do medo de ser feliz

Pobre pássaro desafortunado,

Teve o vôo interrompido de repente,

Num cochilo, um instante distraído,

Detido aos limites duma cela.

E que crime cometeu o passarinho?

Foi cantar destilando sua voz bela,

Despertando a inveja, o caçador,

Que agora do teu corpo se apodera.

Na gaiola um canto sofrido,

Aos que ouvem é linda melodia,

Mas entoando-a, tamanha tristeza,

Sem ter liberdade, vem melancolia.

E quando se solta, podendo fugir,

Perdeu a vontade, quer o cativeiro,

Ser livre denovo, voar e sumir?

Volta a prisão, não tem mais anseios.

Difícil foi se acostumar com a solidão,

Pulava, piava, ninguém atendia,

Tornou-se companheira, ocupa o coração,

Solitário passarinho, triste fim de poesia.

Preso inocentemente,

Alimentado pelos inimigos,

Se via confuso, mas tão bem cuidado,

Tornou-se refém do sequestro passivo.

E como tal passáro todos,

Seguimos reféns de nós mesmos,

Podendo ser livre e voar,

Mas agindo com mais desespero.

Se batendo na grade da falta de amor,

Enquanto está aberta a gaiola do medo,

Está em nossas mãos, é agir com vigor,

Só depende de nós e do nosso desejo.

Alisson Feliciano
Enviado por Alisson Feliciano em 24/08/2008
Reeditado em 24/08/2008
Código do texto: T1143723
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