AFETOS ESCONDIDOS
Quando o coração decide que é hora de não transigir;
O seu direito de ir e vir faz pouco caso do que sejam as fronteiras;
Derruba a base das estribeiras, e se permite transgredir;
Outra ética faz emergir, outro sol aquece as suas eiras!
É um amor pecador, que sua alma santifica;
Que a sociedade desqualifica, mas se enriquece numa outra lei;
Que fere os princípios da grei, que a máscara da moral não dignifica;
Que por si mesmo se explica, que se sujeita às suas grades como a um rei!
À sombra das proibições, afoga o medo num mar de clandestinos beijos;
Governa-se distante dos eixos e mal percebe que o seu viver é teatral;
Caminha sobre as pontas de um punhal e perdoa a culpa de seus erros;
Sua embriaguês lhe faz cortejos, chama de doce o gosto do sal!
Afetos cultivados na caverna têm a ética da luz enclausurada;
Pensam no corpo e se esquecem da alma, julgam o prêmio e ignoram seu preço;
É uma estrada com óbvio começo, mas que ninguém sabe dizer aonde acaba;
Talvez num conto de fadas, talvez num desfecho dantesco!