AFETOS ESCONDIDOS

Quando o coração decide que é hora de não transigir;

O seu direito de ir e vir faz pouco caso do que sejam as fronteiras;

Derruba a base das estribeiras, e se permite transgredir;

Outra ética faz emergir, outro sol aquece as suas eiras!

É um amor pecador, que sua alma santifica;

Que a sociedade desqualifica, mas se enriquece numa outra lei;

Que fere os princípios da grei, que a máscara da moral não dignifica;

Que por si mesmo se explica, que se sujeita às suas grades como a um rei!

À sombra das proibições, afoga o medo num mar de clandestinos beijos;

Governa-se distante dos eixos e mal percebe que o seu viver é teatral;

Caminha sobre as pontas de um punhal e perdoa a culpa de seus erros;

Sua embriaguês lhe faz cortejos, chama de doce o gosto do sal!

Afetos cultivados na caverna têm a ética da luz enclausurada;

Pensam no corpo e se esquecem da alma, julgam o prêmio e ignoram seu preço;

É uma estrada com óbvio começo, mas que ninguém sabe dizer aonde acaba;

Talvez num conto de fadas, talvez num desfecho dantesco!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 21/08/2008
Código do texto: T1138759
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