GRÁVIDA
Vejo este teu olhar de menina acanhada
Deves ter medo do estranho, ou do futuro,
Este eterno desconhecido, meio obscuro,
Como, talvez temas o que chegou agora,
Um passante a te dizer: “bom dia!”
Vejo este teu sorriso intrépido,
Tingindo de amarelo a timidez,
Plantando a primavera num olhar gracioso,
Mostrando do teu peito o coração radioso.
Percebo o estado teu de gravidez.
Vejo um desconhecido a crescer neste teu ventre.
Noto no mesmo instante um olhar mais que contente.
O sorrir que agora espalha é tão seguro
Já não pareces mais ter medo do estranho
E por certo nem mais temes o futuro.
Te vejo agora amando esta barriga,
Sonhando logo ver tua criança.
E teu olhar distante nem me intriga,
Tampouco esta alegria doce e amiga.
Pois com bebês que nascem esperanças.
Wilson do Amaral