O triunfo do metal
Na esfera onde triunfa o metal louro
Vil espírito fecha boca, olhos e ouvidos
Ao brado altíssono do espírito: de nada
Vale então se amas ou odeias, se és nobre
Ou vil, coxo ou altaneiro: lá compra-se
Uma alma, duzentos almas... À voz do mando
Atas-te em corrente, não és cabeça pensante
Mas burro braço que executa, e assim
Entre hierarquias e leis, gira o mundo
Lá onde triunfas, ouro, pervertedor atroz
Das celestes harmonias... Outro é o reino
Da beleza, onde apraz viver, apraz gozar.
Lá importa se vais amar ou odiar
Se teu coração é nobre ou enfermo.
Mas, como evocar o império do ideal
Onde toda alma encontra o frio animal
E a sua fome atroz nunca é apetecida.
Fechado em si mesmo, no élan do egoísmo
Procura uma potência que os sonhos seus perfaça
Mas pensa em si somente: estes entes desconjuntos
Desejando em uníssono um reino material
Nem suspeitam a messe universal ofertada a todos.