“VERDE QUE TE QUERO VERDE”

(Inspirado no verso de Frederico Garcia Lorca)

Verde que te quero verde

Na floresta enverdecida,

Verde cada vez mais verde

No palco verde da vida!

Como era a vida tão verde,

Como era tão verde a vida!

Verde vida vida verde

verde verde vida vida!

Mas o verde que gera vida

Fora dos olhos mais verdes

Virou deserto sem vida

Virou floresta queimada,

Virou poeira e carvão

Que se levanta na estrada!

Virou conjunto de casas

Virou um solo asfaltado.

Oh! Homem que o verde tira,

Que atira fogo no verde,

Por que fazer sua mira

No alvo verde da terra?

Não vê que faz uma guerra,

Que contra a si mesmo atira?

E quando em que verde vira

Diferente é sua lira,

É um verde horizontal

Do vasto canavial.

Não é verde replantado,

É verde vasto de soja

E dos cercados de gado.

Pois acham mais importante

Enriquecer num instante,

Empobrecendo o futuro;

Não ter oxigênio puro,

Não ter floresta nem nada,

Não ter pássaro que cante,

Não ter uma onça pintada,

Um verde mais verdejante,

Viçoso com a invernada!

- Antonio Costta