ESTAÇÕES ll
A chuva despencou do céu sombrio:
Fragorosa, fria, iluminada por coriscos.
Despejou-se impiedosa, fez-se correnteza;
Inclemente avançou por ruas e vielas,
Levando em seu tropel sedimentos, detritos,
E folhas calcinadas do outono que passou.
Lavou calçadas, regou plantações sedentas,
Sequiosos gramados, densos arvoredos.
Aquietado afinal o trêfego aguaceiro,
Tornou-se chuvisco e névoa ao raiar o dia.
Rebrilha um lânguido sol no límpido horizonte,
Respira-se um fresco aroma de limpeza
Na dança da brisa que festeja o silêncio.