VIVA GAIA - GAIA VIVA

Havia uma Terra que se vestia de verde e dançava ao vento

Transbordava suas águas saborosas por seu corpo todo

Nutria cada vida alada, rastejante, aquática, caminhante

Era a mais firme terra das cercanias

Com o tempo, tornou-se rota, desnuda, apática

De águas espessas, fétidas, nocivas

Minguada, ressequida, aneróxica

Desestruturada, movediça, sísmica

Porém, é Terra por si sã, capaz de sobreviver ao flagelo Humano

Eterna, enquanto resistir à bancarrota imposta pela voracidade Humana

Bela, por mais que a obscenidade Humana queira despí-la

Acolhedora, embora queira desterrá-la a ganância Humana

Há uma Terra, apesar da incapacidade Humana de sentí-la

Uma Terra que persiste em avisar, como uma mãe que ensina expondo ao perigo

Mãe paciente; até o limite do possível

Protetora, mas que não se furtará em expulsar de casa os filhos desregrados

Não, aquela terra não está despedaçada

Nem abandonada à própria sorte

Engana-se o Homem, astuto e voraz

Engana-se o Homem, ignorante e finito

Melhor que dê ouvidos à Terra

Melhor que perceba os semblantes nas folhas e nas rochas

Melhor que submerja o rosto nas águas

Melhor que acompanhe a dança das labaredas

Verá que há seres que zelam pela Terra

Que refarão seu corpo

Que recobrirão seu corpo

Que alimentarão seu corpo

Se precisar arrancar de seu corpo as ervas daninhas

Elementais, brincando de cuidar da Mãe-Terra

Espíritos, energizando a seiva que nutre a Natureza

Entidades, bradando cânticos de harmonização planetário

Guardiães, zelando pelo equilíbrio entre os Mundos físico e etéreo

Gaia tem seu séquito

De seres vistos a olhos nus ou com o terceiro olho

Viva, num sistema natural consciente

Eterna, por mais que queiramos extinguí-la