Lábia
Cílios secos e o glóbulo com espasmos
Furor e ódio de um homem vinolento
Sentindo o cataclisma dos astros
Dentro do peito puramente violento
Malditos poetas tagarelas e minuciosos
Regaram o meu frágil ego romântico
Com belos sonhos e episódios
De utopias e sinfonias do cântico
Deliciei-me com a natureza
Sorri com canções angelicais
De que serviu a delicadeza?
Se hoje, não há mais
Não observo as estrelas
Que tanto diziam no papel
O carvão e as poeiras
Fizeram do verde, um novo réu
Ouvi falar sobre os lagos calmos e cristalinos
O canto singelo dos pássaros nas cantigas
Mas daqui só vejo esgoto, salmonela e gritos
Em caótica sinfonia com o som das buzinas
Poetas fanfarrões e sem princípios
Amaciaram a minha mente
Com deleites do paraíso
(Poeta...mente que nem sente)